Qual a metodologia de aprendizagem?

O Aprendizado Baseado em ProblemasABP – é uma metodologia pedagógica consistindo em expor um grupo de estudantes a uma seqüência de situações problemáticas complexas, sem que todos os conhecimentos necessários à sua resolução tenham sido previamente adquiridos, eventualmente organizando o trabalho por equipes (equipes competitivas ou colaborativas). Os problemas submetidos podem se aparentar (idealmente) ou apenas se referir (quando no início da formação) àqueles encontrados na prática profissional – no caso presente à prática da engenharia.
O problema a ser tratado deve ser um “problema aberto”, isto é, identificado por um objetivo a ser alcançado, e não pelos meios a serem utilizados. O enunciado inicial pode ser apresentado com objetivos contraditórios ou com condições de contorno nebulosas (imprecisas), exigindo estudos e considerações pertinentes para completar ou ajustar sua formulação. O problema pode admitir uma ou várias soluções, ou mesmo nenhuma, o que exigirá a reformulação de seus objetivos ou a relaxação de algumas de suas restrições. Portanto, mais que a busca de soluções completas, espera-se a obtenção de soluções significativas que contextualizem e motivem os conhecimentos de interesse.

No Aprendizado Baseado em ProjetosABPj – os problemas são substituídos por projetos de engenharia, o que pressupõe uma contextualização mais precisa e vivenciada, e uma maior amplitude nas considerações a serem feitas e nas tarefas a serem realizadas. De certa forma espera-se um aprendizado em situação, onde as competências gerais da engenharia são diretamente exigidas pela complexidade do problema, os conhecimentos sendo apropriados à medida de sua necessidade e em função dos objetivos do projeto, igualmente para o desenvolvimento das habilidades necessárias. Contudo, o projeto em si não deve ser confundido com a atividade pedagógica necessária à formação, mesmo que os estudantes não percebam esta distinção. Não é imperativo que o cliente aprove o resultado ou venha a usá-lo, mas os feedbacks do cliente (e do júri de avaliação), quer durante sua concepção, quer após a apresentação final da solução projetada, são essenciais para o trabalho reflexivo da equipe de estudantes – e assim para o aprendizado de cada estudante.
Outrossim, um problema de engenharia é caracterizado pela existência de um “cliente” cujos interesses e limitações estão na origem do problema a ser tratado, por restrições e condições de contorno que limitam as soluções e as ferramentas a serem utilizadas, e pela consideração dos impactos das soluções sobre o mundo concreto. A equipe de estudantes deve ser colocada em contexto apropriado, isto é, começando pelo reconhecimento e formulação do problema de engenharia, organizar sua descrição, discutir a viabilidade de sua solução e os possíveis caminhos para tal, buscar, estudar e desenvolver o que for necessário (conhecimentos, habilidades e técnicas) para resolver o problema, cuidar da gestão do projeto e dos processos de fabricação, estudar riscos e conseqüências, preparar e apresentar a documentação pertinente, e simular ou implementar um protótipo.

De uma forma sintética: observação –> modelagem –> concepção –> otimização –> simulação –> implantação –> validação –> comunicação. Ou, em uma seqüência pedagógica viável em condições escolares: contato com o cliente, definição inicial do problema, estudo da viabilidade técnica e econômica, montagem (escolha de soluções, planejamento e estudos de marketing), concepção (estudos e primeiros ensaios), apresentação e documentação, crítica do cliente (e do júri da disciplina), renegociação dos objetivos e restrições, estudo dos riscos e impactos (humanos, técnicos, econômicos, ambientais, condições legais e normativas, etc.), concepção detalhada (técnica e econômica, produto e processo de fabricação), realização, feedback final com o cliente, preparação da documentação e apresentação final ao júri.